FESTIVAL DE CINEMA NEGRO VALORIZA DOCUMENTÁRIOS
Documentários estão entre os filmes de 8ª edição do Encontro de Cinema Negro – Brasil, África e Caribe, Zózimo Bulbul, que começou hoje e vai até o dia 3 de junho, no Rio de Janeiro. O festival incorporou o nome de seu criador, falecido em 2013. Este ano, o encontro presta homenagens ao cinema negro norte-americano e ao ator Grande Otelo, que completaria 100 anos em outubro.
Além de produções nacionais, o festival contará com trabalhos de 13 cineastas convidados de várias regiões da África, assim como dos Estados Unidos, Inglaterra e Cuba. Alguns filmes estrangeiros ganharam o mais recente Festival Africano de Cinema de Ouagadougou, o Fespaco, em Burkina Faso, o mais relevante daquele continente.
O palco principal da mostra será o novo cinema Odeon, na Cinelândia com ingressos a R$4,00. Além de filmes, o festival programou ciclo de debates com convidados no Museu de Arte do Rio- Mar e na Biblioteca Parque Estadual.
O curador da mostra, Joel Zito Araújo, salienta que este ano o número de inscrições foi 3 vezes superior ao do ano passado, o que, segundo ele, aponta para o crescimento de núcleos fortes de cinema, no Rio, em São Paulo e na Bahia, revelando uma diversidade temática.
Listamos abaixo os documentários presentes no evento:
Hoje a partir das 14:30h
Afripedia GANA, de Teddy Goitom, da África do Sul. O filme apresenta a estrela da música franco e andogynous ,Wiyaala, emocionantes motociclistas, os ‘’trickbikers’’,cujas habilidades e estilo tomaram contam dos bairros. Como o artista visual Afrogallonism que exibe performances ao ar livre destacando as questões ambientais. O filme será reexibido no dia 1, às 12:30h
Em seguida, é a vez do cubano Vozes do silêncio, de Gloria Rolando. Depois de seis anos de pesquisa, em 2010, foi exibido o primeiro capítulo de “1912, Vozes do silêncio”. O documentário aborda a luta de resistência, a trajetória do movimento negro em Cuba desde os tempos coloniais, as lutas pela independência e a situação dos afro-cubanos.
Na sequencia, The New Black, de Yoruba Richen. O filme promove a reflexão de como a comunidade afro-americana percebe os direitos homossexuais, à luz do movimento gay, da conquista do casamento e a luta por direitos civis. A diretora entrevista ativistas e membros da famíllia, examina a presença da homofobia na base institucional da igreja e da comunidade negra. Yoruba revela a estratégia da direita cristã ao explorar esse fenômeno com o objetivo de promover uma agenda política anti-gay. O filme tem nova exibição no dia 29 às 14:30h.
Na sessão das 16:30h, surge o sul-africano Miners shot down, de Rehad Desai. Em agosto de 2012, sul-africanos são reprimidos com violência pela polícia e 34 grevistas são mortos. O documentário imerge na luta das minorias por melhores salários, frente ao crescimento da companhia de mineração, do governo e seus aliados da União Nacional de Mineiros. O público poderá conferir também no dia 29 em dois horários: às 14:30h e às 21:00h.
No dia 29,
Às 14:30h, será exibido o filme brasileiro Rio Encantado, de Sabrina Fidalgo. O documentário musical aborda o Festival Encantado, projeto francobrasileiro realizado no Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro, que visa dar visibilidade a população da comunidade do Vale Encantado, ameaçada de remoção. Participação de Criolo, Seu Jorge, ESG, Simone Mazzer, C.Sen, entre outros.
No dia 30
Às 14:30, o curta metragem Heitor, carioca dos Prazeres, de Tatyana Prazeres. O filme retrata a obra de Heitor dos Prazeres: pintor de Arte Naif, um dos fundadores da Portela e compositor de O Pierrô Apaixonado, sucesso de carnaval.
Na sequencia, (in) Cômodos, de Clementino Junior. Trata-se de um trabalho experimental realizado durante a oficina “Incomodando: somos Fela”, durante o I Seminário Fela Kuti da UERJ. Criado a partir de depoimentos sobre “em que momento você incomodou?”. Realizado como parte da oficina “Memória Portátil” do Cineclube Atlântico Negro.
Ás 21h será exibido Favela Gay, de Rodrigo Felha, já exibido ano passado no Festival do Rio. O filme mostra como é a vida da comunidade LGBT nas favelas do Rio de Janeiro. O documentário também aborda as questões comuns dos homossexuais e transexuais: homofobia, preconceito, aceitação da família, trabalho e o dia a dia com a sociedade.
No dia 31
Às 16:30h, Alô Rainha da bateria, de Jorge Coutinho. Preocupado com o rumo das escolas de samba, o ator e diretor recorre a depoimentos de personalidades do samba como Rubem Confete, Eliana Pittman, Quitéria Chagas, Milton Gonçalves, entre outros Sua intenção é mostrar a importância de uma rainha de bateria da comunidade com samba no pé.
Em 2 de junho
Às 14:30h, Afripedia ÁFRICA DO SUL, de Teddy Goitom. Vinte anos depois da libertação do regime de segregação, o filme retrata uma nova geração diversificada. Começa pela Cidade do Cabo e continua em Joanesburgo com banda de heavy metal Ree- Burth para fazer um tour em Soweto.
Em seguida, 25 DE Julho- Feminismo Negro Contado em Primeira Pessoa, de Avelino Regicida. A data tem forte significado para as mulheres e, mesmo assim, o dia 8 de março é mais reconhecido e comemorado pelas guerreiras terceiro-mundistas. O documentaristo promove reflexão acerca dessa data e diversas questões que a envolvem o tema.
Na sequencia, Ya Antônia, de Lincoln Santos, no qual mostra Ya Antônia no auge dos seus 103 anos falando sobre a vida e as heranças de quem viveu mais de um século. Da água misturada coma a terra, brotaram as famosas panelas de barro. Uma tradição que por pouco não se perdeu nas curvas do vento. Mulheres de Barro, de Edileuza Souza, mostra histórias de amor de doze mulheres, Paneleiras e Congueiras de Goiabeiras Velhas-ES, confeccionam suas panelas de barro com a mesma força e destreza com que a vida moldou seus destinos e afetos. Apesar de uma vida sofrida, essas mulheres conquistaram uma velhice tranquila retirando do barro e do congo a razão e o prazer de viver.
Outras informações constam no site do festival http://afrocariocadecinema.org.br.
